sábado, 12 de dezembro de 2015

PROMOÇÃO DO PERU 1 (DEZEMBRO DE 2015)


Olá, criançada safadona! ¿Como têm passado sem uva-passa? Eu, mal. Como nenhum puto conseguiu mais resolver meus desafiozinhos estratégicos, tratei de criar a primeira promoção motivadora deste blog. Será uma a cada mês ou bimestre, dependendo do fluxo de audiência. Eu implementarei, pouco a pouco, outras novidades do peru neste blog. Aguardai-vos & confiai-vos. Vocês viram o desafio que eu postei aqui ontem, ¿certo? Quem acompanha este blog, sabe que foi um dos desafios mais fáceis que lhes propus. Então, não reclamem! É o seguinte: o primeiro caboclo ou cabocla que respondê-lo — completamente e corretamente! — receberá em casa, sem qualquer custo adicional, um belo livro sobre gestão da inovação tecnológica. Ele é novinho e está até no plástico! Trata-se do best seller "A Bíblia da Inovação", escrito por ninguém-menos que sua santidade Philip Kotler. É para glòrificar de-pé, igreja!

As regras são as seguintes: 1) A promoção dará direito a apenas um livro, que será enviado por correio ao primeiro que responder completamente e corretamente o desafio postado ontem. 2) Você deverá respondê-lo com seu próprio nomezinho & sobrenome no espaço reservado aos comentários do citado desafio; e depois enviar a mesma resposta para a caixa de mensagens deste blog, a qual se encontra no final da página. 3) Considerarei, em casos de empate, a data e o horário da mensagem. 4) Não há nenhuma pegadinha, compromisso ou custo extra aos participantes. 5) Após declarado o vencedor, este deverá me enviar, também pela caixinha de mensagens, seu nome real e o endereço completo, com o CEP. 6) O livro será enviado por Sedex na terça ou quinta-feira subseqüente à declaração do vencedor. ¿Entendido? Agora me digam: ¿que outro blog sobre empreendedorismo dá livro de-graça, hein? VALENDO!


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

DESAFIOZINHO 8

Olá, garotos, marotos, travessos! (Alcione) Retornei com mais um desafiozinho estratégico. Desta feita, ele vem acompanhado da primeira promoção deste blog de meu-deus. Aguardem as instruções. Ontem, eu apresentei para vocês mais uma ferramenta estratégica desenhada para pequenos empresários. Trata-se dum diagrama que eu elaborei para a análise de compatibilidade ou complementaridade de perfis de sócios. Por meio dele, é possível: 1) criar um mapa heurístico daquela conversa que vocês precisam ter antes-de-mais nada; 2) identificar, entre vocês, quem é o cara intuitivo e quem é o cara analítico e 3) conhecer suas diferenças e semelhanças, de modo a gerar, respectivamente, critérios para a divisão-do-trabalho na firma e canais para a criação de sintonia, empatia, compromisso e concordância entre vocês.

Em sociologia, nós dizemos que as pessoas se integram e se regulam ou com base em semelhanças-que-se-reforçam (o que chamamos de sòlidariedade mecânica), ou com base em diferenças-que-se-completam (o que chamamos de sòlidariedade òrgânica). As semelhanças reforçadoras mais aptas a criar  fortes laços de integração e regulação entre os sócios são de natureza axiológica, quer dizer, referem-se a valores e crenças que precisam ser partilhados por eles. Por outro lado, as diferenças complementares mais interessantes, proveitosas e mais aptas, portanto, a criar laços entre os sócios dizem respeito às diferenças de formação: capacidades e conhecimentos, saberes e fazeres. Uma sòciedade bem-sucedida é o resultado duma dosagem equilibrada entre esses dois perfis, como explicamos ontem. ¿Entendido?

Pois muito que ótimo! O desafio proposto é o seguinte. Juventino Esquerdoso & Cabacildo Felizardo são dois estudantes de arquitetura — daqueles bem esquisitos. Depois dum regabofe na faculdade, do qual ambos saíram nus... Não: esperem! Deixem-me começar uma história menos estranha. Depois duma experiência proveitosa na empresa-júnior da faculdade, eles resolveram criar seu próprio negócio. A empresa em questão pretende desenvolver materiais alternativos e de baixo custo para a construção na periferia. Após se reunirem e detalharem a proposta, Juventino & Cabacildo resolveram selar a parceria e conhecendo-se melhor. O resultado é o que vemos na imagem seguinte, construída conforme o diagrama ensinado ontem. É com base nessa imagem que eu proponho as seguintes questões:

1) Tendo em vista os perfis de ambos os sócios e o negócio que eles pretendem desenvolver, ¿você acha que essa empreitada será bem-sucedida? ¿Por quê? 2) Imaginando esses caras trabalhando juntos, ¿que tipo de conflitos poderiam surgir no dia-a-dia entre eles? 3) ¿Se você apresentasse um programa de barraco na televisão e recebesse Juventino & Cabacildo para um ranca-rabo, ¿que conselhos você daria para que eles superassem seus eventuais problemas? 4) Estudando esses perfis e o objetivo do negócio, é possível até adivinhar quem será o primeiro sócio a deixar a empresa. Então, ¿quem? Vão pensando nas respostas. Amanhã, colocarei as regras da promoção, pela qual o primeiro caboclo que responder corretamente a este desafio receberá em casa um livro sobre empreendedorismo ou gestão da inovação!



quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

CAIXINHA DE FERRAMENTAS 6


Oi, povo! Tomás de Aquino — o cara que me ensinou a pensar — citando o poeta Salústio, dizia que a verdadeira amizade consistia em ter as mesmas simpatias e as mesmas antipatias (Suma Teológica, I.42.3). Eu já disse aqui, numa postagem-relâmpago, que o bom sócio não é — necessàriamente e obrigatòriamente — um amigo de longa-data, a mina com quem você de deita, o cara que você convidaria para apadrinhar seus bastardinhos ou alguém para quem você pediria para ocultar um cadáver. Entretanto, um mínimo de simpatia, confiança e admiração é algo que você deve dividir com seu sócio. Quanto mais sólida for a amizade, maiores serão as chances d'a relação (e, com ela, a empresa) sobreviver a desavenças e perrengues. A ferramenta estratégica que eu vou lhe mostrar nesta semana — criada pelo titio-aqui — servirá para você descobrir coisinhas sobre si-mesmo e essa criatura chamada o sócio.

É sempre bom que você e a pessoa com quem você formará sòciedade tenham aquela conversa, despindo-se de todas as máscaras, segredos e podres do passado. Ponha tudo às claras! Não tenha medo e tampouco vergonha. É melhor saber das coisas agora do que ser surpreendido amargamente mais tarde. Um exercício que eu proponho para isto é o chamado striptease psíquico. Faça uma lista — o mais sincera e completa possível — das qualidades & defeitos que você vê em si-mesmo. Em seguida, faça outra lista, mas com as qualidades & defeitos que você vê em seu sócio. Essa pessoa deverá fazer a mesma coisa "contra" você. Para dar certo, o exercício do striptease psíquico deverá contar com a sinceridade e a cùmplicidade, a aceitação e o respeito mútuo de vocês. Se você perceber que seu parceiro costuma receber mal as críticas, é ressentido, recalcado, histérico e mimimista, bom... então é melhor tentar outra tática.

Feitas as listas, troque-as com seu parceiro e comente os resultados. ¿A forma como você se vê é a forma como o outro o vê? ¿A forma como você vê o outro é a forma como ele se vê? ¿Há concordância ou discordância nessas avaliações? De posse desses dados sobre o perfil de ambos, você verá que eles poderão se classificar em três categorias: 1) ou são valores e crenças, aspirações e vontades, posturas e hábitos, simpatias e antipatias; 2) ou são traços ligados às funções intuitivas do cérebro, como dispersão, criatividade, sensibilidade, ànsiedade, percepção estética, dificuldade de organização, extroversão, hàbilidade com linguagem e expressão, etc. e que o situariam na área de humanas; 3) ou são traços ligados às funções analíticas do cérebro, como foco, concentração, introversão, monotonia, frieza social, organização, hàbilidade com cálculos e estratégia etc. que o poriam no time das ciências exatas. 

É claro que as coisas que eu estou chamando de "funções intuitivas" e "funções analíticas" são estereótipos exagerados. Eu sei que as pessoas são muitíssimo mais complexas que isso. Aqui, tais conceitos cumprem apenas uma função didática. Suponhamos, então, que você e seu sócio descobrem que, dos dois, você é o cara mais analítico (lógico e racional) e ele é o cara mais intuitivo (estético e emocional). Saiba que isto seria uma ótima notícia para vocês. Sua futura empresa contará com um manancial inesgotável de novas idéias (vindas do seu sócio) e que depois serão tesouradas, formatadas, viabilizadas ou impugnadas por você — seu estraga-prazeres duma figa! É geralmente essa a divisão-de-trabalho que se vê nas startups mais bem-sucedidas: um é o cara da concepção criativa, o outro é o cara da execução racional; um é o cara do telefone, o outro é o cara da planilha; um é bom com pessoas, o outro é bom com coisas, etc. 

Porém, a essa altura, você deve estar se perguntando, desconfiado: ¿mas perfis tão diferentes não gerarão conflitos por incompatibilidade e incompreensão? Resposta: não, caso duas condições sejam satisfeitas. Primeiro, que os sócios, mesmo tendo perfis e formações tão diferentes, compartilhem dum mínimo múltiplo comum axiológico, quer dizer, dum repertório semelhante de princípios e valores morais que criarão entre eles vínculos de sintonia e empatia, compromisso e concordância. É ao redor desse MMC que os empreendedores desenvolverão seu propósito e sua proposta de valor para o mercado. Segundo: que a convivência entre eles desencadeie um processo de aprendizado por interação, por meio do qual cada um vá se "contaminando" com os conhecimentos e competências do outro, cruzando seus rizomas e abrindo canais de compreensão e tolerância. Mais um pouco, vocês se casam. Eu quero o buquê!

Até-mais-ver!

Diagrama para avaliação de compatìbilidade ou complementaridade de perfil entre sócios.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

DICA DE LEITURA 8


Gosto quando um livro joga-limpo com seus leitores. E o respeito que eu, pessoalmente, espero receber dum livro — sobretudo os que tratam de negócios e de gestão, cujos leitores têm pouco tempo a perder — deve aparecer sob a forma de clareza, didática e pràticidade das informações. Para atingir esses objetivos, há alguns macetes simples que eu, caso fosse consultor editorial, daria aos autores desses livros.

Primeiro, diminua o tamanho dos capítulos e subdivida-os em subseções com não-menos de duas páginas. Segundo, crie listas e separe os itens em tópicos com números ou letras. Terceiro, comece cada capítulo com uma história, anedota ou exemplo: isso relaxa o cérebro dos leitores e desperta o interesse. Quarto, capriche muito na diagramação de todo o texto: use caixas, destaques, notas, epígrafes, lides.

Seja histriônico e engraçado. Use linguagem barroca, alegórica e colorida. Seu livro deve poder ser dividido em unidades menores e lido em qualquer seqüência, como se fosse um almanaque ou dicionário. Crie intertextualidade transdisciplinar. Não: estas não são palavras pedantes usadas por “educadores” incapazes de se educarem a si-mesmos. Elas se referem ao esforço de criar links com outros assuntos e disciplinas.

E — pelo amor do seu útero árido — não diga òbviedades acàcianas, frases-feitas, frìvolidades grandiloqüentes ou palavras-de-festim. Pois bem. Creio que a maioria dessas qualidades estão nos livros da coleção Segredos Profissionais, escritos por vários autores (ver lista). Trata-se duma série de livros com capítulos curtíssimos e bem-diagramados, contendo dicas práticas e úteis sobre vários temas de gestão & negócios.

Todos os livros são bons, mas eu destaco quatro em especial que poderão ser fundamentais aos empreendedores: Segredos de negociação, de David Brown; Segredos de marketing, de Peter Spalton; Segredos de liderança, de Michael Health; e Segredos de vendas, de Nich Constable. Não espere nada muito avançado e profundo. São dicas do tipo pegue-e-faça que qualquer pequeno empresário será capaz de entender.

Os capítulos de todos os livros têm apenas duas páginas e levam como título a própria dica que darão. Em seguida, uma epígrafe é apresentada como ilustração e a dica é detalhada e explicada com exemplos. As dicas dão ilustradas com casos reais. Há uma progressão na complexidade das dicas, perfazendo uma estrutura muito leve e didática. A objetividade do conteúdo é algo a se destacar. Recomendo vivamente a leitura!

BOYES, Carolyn. "Segredos de comunicação pessoal." Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

BROWN, David. "Segredos de negociação." Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

CONSTABLE, Nick. "Segredos de vendas." Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

HEALTH, Michael. "Segredos de gestão." Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

HEALTH, Michael. "Segredos de liderança."  Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

MANSER, Martin. "Segredos de apresentações." Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

MANSER, Martin. "Segredos de administração de tempo". Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

MATTHEW, Batchelor. "Segredos de gerenciamento de projetos." Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

SPALTON, Peter. "Segredos de marketing." Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.

WARNER, Stuart. "Segredos de finanças." Curitiba: Fundamento, 2013. 128 páginas. R$ 34,00.


DEPOIMENTOS:

“Eu não entendi uma coisa: se são segredos profissionais, não deveriam ser publicados; se foram publicados, é porque não eram segredos... ou porque os que os publicaram não eram profissionais.

Doutor Pelúcio Severo, consultor, umbandista e ufólogo.

“Folheei esses livros desesperado, procurando segredos profissionais de-verdade. ¿Cadê a hipnose de clientes, a ameaça a fornecedores, a tortura de concorrentes e a queima-de-arquivo de ex-funcionários?”

Zèzinho Cadela, traficante e personagem de filme nacional.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

CAPÍTULO 18 - ¿COMO VOCÊ DEVE COMEÇAR? ¿QUE TAL UMA STARTUP ENXUTA?

É como trocar pneu dirigindo, só que um pouquinho menos arriscado.


Olá, cadáveres adiados que pròcriam! No último capítulo, eu tratei dum embaraço que nós podemos chamar de paradoxo das prèmssas: você nunca conhecerá as demandas reais dos seus clientes enquanto não começar as atividades da sua empresa, mas também nunca conseguirá começar as atividades da sua empresa enquanto não conhecer as demandas dos seus clientes. Na dúvida, empreendedores aventureiros escolhem uma das duas opções: ou lançam no escuro um produto ou serviço e só depois vêem o que acontece (adivinhem!); ou planejam seu negócio até as minúcias, criando dependências-de-trajetória com base em hipóteses sem validação empírica, perdendo, além disso, as vantagens de se ingressar primeiro no mercado. De certo modo, isso reflete o velho dilema da inovação: entrar cedo demais e arriscar-se, expondo-se a custos & riscos excessivos e irreversíveis (fatais numa startup); ou entrar tarde demais, perdendo as vantagens reservadas aos inovadores pioneiros: preempção, propriedade intelectual, superlucros de monopólio, holofotes da imprensa, etc. Noutras palavras, ou você brinca de roleta-russa com o mercado, como se empreender fosse um jogo-de-azar para porras-loucas, ou você se resigna ao fato de que a única mercadoria produzida por sua empresa será um calhamaço impràticável e megalômano que você chamará de "nosso plano". 

Antes-de-mais-nada, caro leitor, permita-me lhe dar algumas más-notícias: não, você não conhece seu mercado e muito-menos seus lindos & fofos clientes; não, você não tem dinheiro o-bastante para bancar uma pesquisa-de-mercado para conhecê-los; não, nenhum produto ou serviço é tão bacana que não possa ser transformado em pó-de-bosta por um concorrente agressivo, um imitador oportunista ou um cliente chorão; não, os dados que você inventou para estimar o tamanho do mercado são òtimistas, obsoletos e ilusórios; não, suas estatísticas vaidosas de crescimento só escondem o que você não deseja admitir: seu produto ou serviço é inovador sim, mas não é lucrativo; não, seu plano-de-negócio de duzentas páginas é uma condolência antecipada, é um extenso manual-de-instruções para uma máquina de queimar dinheiro; e não, ele não será lido por ninguém mais além do gerente do seu banco e dos advogados malvados do seu sócio — e adivinhe para quê. Em geral, os empreendedores universitários temem saber ou relutam admitir que seus produtos ou serviços — geralmente resultados de pesquisas de pós-graduação — não são aquilo que seus clientes potenciais desejam. Diante desse baque fatal, eles podem maldizer a injustiça do universo e a medìocridade dos consumidores, optando por um naufrágio heróico com a empresa, a inovação e a equipe, tudo junto.

Mas a alternativa, assim como sugeri no final do capítulo anterior, é a criação dum mínimo produto ou serviço viáveis (MP/SV), quer dizer, uma versão simples e sintética do valor que você deseja oferecer aos clientes. Afinal, o titio-aqui já lhe ensinou como encontrar seu propósito existèncial (Capítulo 2). Já lhe ensinou também como transformar esse propósito existencial num sonho-visão articulável e comunicável, com poucas palavras e imagens. É esse sonho-visão que orientará seus objetivos estratégicos, os quais poderão ser divididos em pacotes-de-trabalho menores (metas), permitindo que você planeje sua carreira ou seu negócio com vistas a uma apròximação progressiva com os segmentos de mercado que, finalmente, desejarão e adorarão seu valor (Capítulo 7). Mas daí voltamos àquele impasse: ¿Que tipo de valores o mercado demanda? ¿Que produto ou serviço realmente agregará valor à vida da clientela em potencial? ¿Quem são meus clientes? Entenda: os bens mais valiosos duma startup são os talentos da sua equipe e os dados que ela reúne a-respeito do mercado. Quanto aos talentos, pouco poderá ser dito além das características empreendedoras que eu elenquei nas semanas passadas (Capítulos 11, 12 e 13). Mas quanto aos dados sobre os clientes, temos uma saída interessante que explicarei neste e no próximo capítulo: o modelo da startup enxuta.

Inspirado no sistema de produção da Toyota, o modelo da startup enxuta, criado por Eric Ries, permite desencadear um ciclo de aprendizado entre os empresários, os engenheiros e os futuros clientes, o qual vai gerando uma sintonia fina entre o produto ou serviço e seu mercado em potencial. Nesse modelo, os clientes-cobaias são envolvidos desde cedo no processo de inovação. (Se você está pensando em design thinking, matou a charada). Esses clientes-cobaias — seja como usuários próximos, primeiros adotantes ou usuários pesados — permitirão que você teste aquele mínimo produto ou serviço viáveis em condições realistas, gerando, com isto, um influxo contínuo de feedbacks. Estes, por sua vez, a cada novo ciclo, serão incorporados às versões futuras do produto ou serviço, sob a forma de novas funcionalidades e características. Com isso, ao mesmo tempo que a startup se transforma num laboratório de pesquisa e validação de hipóteses a-respeito das demandas do mercado, o produto ou serviço que ela desenvolve vai sendo projetado a quatro-mãos e gradualmente sintonizado às necessidades dos clientes a-partir duma versão mínima viável, à qual são acrescentadas, pouco a pouco, apenas as funcionalidades e características que realmente lhes agregarão valores perceptíveis e relevantes. Daí esse modelo ser chamado de enxuto. 

Ilustremos isso com uma metáfora. Com o modelo da startup enxuta, seu produto ou serviço é moldado de dentro para fora, acrescendo-se-lhe valores pouco a pouco, ao invés d' ele ser esculpido de fora para dentro, removendo-se-lhe o "material excessivo" que os clientes não desejam (funcionalidades, características). Como explicaremos abaixo, o modelo permite o progressivo encurtamento e a aceleração dos ciclos de construção-mensuração-aprendizado, aumentando a sintonia do negócio com seu mercado à medida que aumentam também a quantidade e a qualidade das informações vindas dos clientes. E tudo isso começa com um modelo-de-negócio (observe a imagem). O modelo-de-negócio é sua proposta de valor aos clientes, quer dizer, aquilo que você pretende oferecer a algumas pessoas que, segundo suas hipóteses vaidosas e ingênuas, estariam dispostas a pagar alguns reais por ele. O modelo-de-negócio também considera a forma pela qual você ganhará dinheiro com esse seu produto ou serviço — licenciando-o, vendendo-o para outra firma (B2B) ou diretamente ao consumidor (B2C), cobrando ingresso ou franquia, oferecendo espaço para propaganda, trocando-o, alugando-o, etc. Em suma: seu modelo-de-negócio encerra uma hipótese de valor (por que isso vale) e uma hipótese de escala (como minha empresa crescerá).

Se você não conseguir explicar num parágrafo ou em quarenta segundos qual é seu modelo-de-negócio, é poque você não tem um modelo-de-negócio. ¿Tudo bem? Agora feche os olhos. Mas cuidado: não durma! Pense na essência do seu produto ou serviço — naquilo que é seu valor-cerne principal e que não poderá faltar nem na versão mais básica dele. Pense nesse produto ou serviço despido de todos os seus badulaques & traquitanas, acessórios & opcionais. ¿Pensou? Pois este é seu mínimo produto ou serviço viáveis. Repito: ele é mínimo e básico, mas realmente funcionará e cumprirá com o que promete em termos de valores. Esta é sua versão alfa. Sua tarefa agora é projetar um protótipo simples e eficiente dessa bagaça, baseando-se em suas intuições, sondagens e bom senso. Pense também nas métricas (critérios de medição) que você usará para avaliá-lo depois. Agora, mãos à obra! Não tenha medo: é normal que sua primeira versão tenha rebarbas & defeitos (bugs) e que não satisfaça totalmente os usuários. Mas não é para o cliente final que você oferecerá esse primeiro protótipo, e sim para os usuários próximos (amigos, parentes, vizinhos) que o testarão em versão demo. É deles que virão as primeiras críticas — pouco qualificadas e muito adocicadas. Mas note-as todas: são críticas valiosas, com base nas quais você projetará as próximas versões.

É importante que o feedback que você receber dos usuários próximos seja convertido em métricas objetivas. Tudo bem que eles "acharam bacana" seu aplicativo para celulares; mas ¿quantos acessaram seu site¿quantos fizeram o download¿quantos o indicaram nas redes sociais? ¿quantos vàlidaram a inscrição? ¿quantos se dispuseram a pagar por isso? ¿quantos realmente realizaram o pagamento? Essas são métricas operativas, objetivas, empíricas, realistas e confiáveis. É com base nelas que você deverá corrigir a rota rumo às futuras versões do produto ou serviço. ¿Entendeu? Agora que você retornou à prancheta, munido das informações recolhidas dos usuários próximos, você está pronto para criar uma versão beta, oferecida agora para os chamados primeiros adotantes (blogueiros, aficionados, especialistas, curiosos). Estas são pessoas que geralmente entendem e toleram as falhas dum protótipo demo, desde que sejam elas as primeiríssimas a experimentá-lo. Contudo, prepare-se: virá chumbo-grosso. O feedback dos primeiros adotantes costuma ser mais qualificado (são especialistas) e menos adocicado (são estranhos). Porém, o valor dos dados e a relevância das métricas colhidas com base neles sobem alguns degraus. Seu produto ou serviço está cada vez mais próximo de satisfazer o mercado.

Terminamos, então, mais um ciclo de aprendizado (projeto do protótipo, testes e mensuração dos resultados). As próximas cobaias serão os usuários pesados — que são os avatares mais parecidos com seus clientes finais. Estamos chegando próximo! Eles consumirão e submeterão sua versão gama às mais terríveis condições. Se seu aparelho não funcionar bem, quebrará nas mãos deles. Se seu serviço não agradar mesmo, decepcionará as expectativas deles. Menos mau; ruim seria fazer-feio diante dos clientes finais. Perceba, leitor, que a cada novo ciclo, munido de métricas realistas, você adquire mais & mais informações importantes sobre seus clientes em potencial e, com base nelas, vai atendendo gradualmente suas necessidades, fazendo pequenos ajustes nas versões seguintes do protótipo. E acontecem coisas interessantes aqui: você retira características do produto que imagina serem fundamentais e — surpresa! — ninguém nota nada. Até preferem a versão mais tosca. Daí você acrescenta um botão, uma curva, um pequeno agradinho, um bônus e — surpresa! — retorno positivo, sucesso explosivo. Você pode notar, pelo esquema abaixo, que a cada novo ciclo, o negócio cresce ao mesmo tempo em que as sucessivas versões do produto ou serviço vão se apròximando e se encaixando com as reais demandas do mercado. Seu crescimento resulta dessa aprendizagem.

São muitas as vantagens do modelo da startup enxuta: 1) ele possibilita pequenos e constantes ajustes nas versões do negócio, através das reações dos clientes, acompanhando, com isto, as oscilações caprichosas e imprevisíveis da concorrência; 2) ele torna as tarefas de projeto e design mais econômicas, uma vez que são feitas a quatro-mãos com os clientes (inovação aberta); 3) ele permite o teste das prèmissas da empresa em condições reais, com métricas confiáveis, colhidas do retorno que os clientes vão dando às sucessivas versões dos protótipos; 4) ele submete à vàlidação as hipóteses de valor e as hipóteses de escala, novamente, por meio do retorno dos clientes e da aferição das métricas; 5) ele barateia o processo de inovação, baixando as "barreiras de entrada" para os empreendedores universitários, uma vez que todo o ciclo se inicia com um produto ou serviço mínimo viáveis; 6) ele reduz a quantidade de funcionalidades e características dos produtos ou serviços oferecidos e, com isto, reduz a quantidade de incógnitas que os engenheiros e empresários deverão controlar; 7) ele permite o trabalho com pequenos lotes de versões alfa, beta, gama, diminuindo os estoques, àgilizando a renovação das versões e eliminando as dependências-de-trajetória; por fim, 8) ele permite a detecção e rápida reação a ameaças do mercado (pivotagem).

A bagaça continua!

¿QUEM É JOHN GALT?

Diagrama esquemático dos ciclos de construção, mensuração e aprendizado, conforme o modelo da startup enxuta de Eric Ries. 

FRASES DA SEMANA 14


"ENXERGUE GRANDE. PENSE MAIOR. SONHE MAIS ALTO AINDA. AGORA ACORDE, MEXA O TRASEIRO E VÁ TRABALHAR, SEU VAGABUNDO!"

Valentina Albuquerque Figueiroa, socialite e consultora de etiqueta.


"SE VOCÊ SIMPLESMENTE LANÇAR UM PRODUTO PARA VER O QUE ACONTECE, VOCÊ TERÁ MUITO SUCESSO... EM VER O QUE ACONTECE."

Eric Ries, empreendedor e criador do método da startup enxuta.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

FÓRUM LIVRE E SUGESTIONÁVEL 6


Olá, primatas que adoeceram e desceram das árvores! ¿Sentiram saudade de mim? Pois eu não senti nenhuma saudade de mim! Pois é... Para os leitores mais hàbituais e atentos, este blog tem passado por algumas suaves inovações. Cito-as: 1) clareei um pouquinho mais o plano-de-fundo das postagens, pois alguns leitores epiléticos reclamaram (com razão) que aquele verde-angústia dificultava a leitura; 2) haja-vista que este blog tem atualizações diárias, já contamos com um baita conteúdo acùmulado, o que exigiu a adição dum widget de pesquisa interna, que se encontra no fim da página; 3) coloquei também, no final do blog, um widget legal com as postagens mais acessadas de cada mês; 4) no pé de cada postagem, adicionei uma opção pela qual você poderá enviá-la para a pessoa que você mais detesta no mundo, como forma de vingança / divulgação (observe a imagem na seqüência); 5) no mesmo quadro, você poderá clicar o marcador que a corresponde à postagem e ler os textos anteriores sobre o mesmo assunto; 6) coloquei uma caixinha de recados por meio da qual você, anònimamente ou nominalmente, poderá enviar elogios ou críticas, temas de pauta, mensagens ou informações para este blog; 7) por último e não-menos importante, reparem que eu adicionei uma terceira sentença ao nosso lema: Empreenda como mochileiro. Gerencie como general. Ao menos divirta-se tentando. Acontece, crianças, que eu aprendi com um grande amigo meu que é possível ser competente sem ser emburrado e ser extremamente profissional sentindo-se feliz com o que faz. Minha intenção é trazer estes princípios para o Start-Aspas.

E tem mais! Agora que a operação plástica que fiz para ter o beiço da Angelina Jolie está cicatrizando, prometo considerar sèriamente a possibilidade de postar meus vídeos curtos aqui. Sou perfeccionista e tenho aquela "doença" com padrões & simetria. Portanto, com relação aos vídeos, quero fazer algo estético e decente, acertando logo na primeira tentativa. Nas férias, começarei uma série de entrevistas com empreendedores e microempresários. Já nesta semana, teremos três novidades: 1) Iniciarei uma espécie de dicionário de A a Z das startups, postando verbetes com jargões e conceitos importantes sobre empreendedorismo e microempresas. 2) Já que nenhum puto se dispõe a resolver os desafiozinhos estratégicos, eu passarei — atenção! — a remeter por correio um livro ao leitor que responder primeiro — corretamente e completamente — aos desafios propostos neste mês. É isso mesmo que você ouviu: isto é um compromisso público & solene. Trata-se da primeira duma série de promoções que este blog oferecerá. ¿Ou vocês pensavam que eu estava só brincando de escrever bobagens? 3) Por fim, pretendo fazer uma coisa que dependerá da participação de vosmecês: começarei a escrever uma história ficcional, com poucos parágrafos a cada semana, ao final do qual haverá um dilema que o personagem (um universitário que deseja empreender) terá de resolver. O leitor poderá escolher o final da história ou propor um desfecho alterativo. Acho que será engraçado e interessante escrever a trajetória dum empreendedor em parceria com os leitores. É, crianças... o titio-aqui não brinca em serviço!

Até-mais-ver!

¿QUEM É JOHN GALT? 

domingo, 6 de dezembro de 2015

CAPÍTULO 17- COMECE ATÉ O FIM, PLANEJE COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ

Planejar não garante o sucesso, mas não se faz nem feira sem um plano.


Olá! Estou de volta. Você, leitor, conhece a história que vou contar agora. Ela pode ser a sua. Um universitário recém-formado ou um funcionário recém-demitido pega suas economias (ou mesmo o dinheiro de parentes) e investe tudo num negócio que considera infalível, baseado em suposições equìvocadas, estatísticas vaidosas, prèmissas ingênuas, modinhas efêmeras ou sabe-se lá que outras razões ocultas. Seus próximos meses resumir-se-ão numa batalha renhida da esperança contra a realidade, do òtimismo contra a fatalidade. Inconformado com o fato d'o mercado não desejar seu (supostamente maravilhoso) produto ou serviço e por não recompensar seu suor derramado, o empreendedor perseverará sòfregamente; recusar-se-á a reconhecer que deveria ter planejado melhor seu negócio. Afinal, simplesmente lançar um produto ou serviço no mercado, para só depois ver o que acontece, é garantia de que você será muito bem-sucedido... em ver o que acontece!

Lição aprendida, o empresário escaldado, agora com medo de entrar numa fria, está pronto para a segunda tentativa. Ele é brasileiro, e não desiste nunca de repetir uma bela cagada. Continuemos. Ele então estudará todos os livros que eu indico neste blog; colecionará as informações importantes sobre o setor do mercado onde pretende ingressar; fará pesquisas e levantamentos, conversará com aqueles que imagina serem seus clientes, concorrentes e fornecedores; envolver-se-á em cálculos complexos de finanças & tributos e desenvolverá um verdadeiro fetiche por aquele documento pomposo chamado de plano-de-negócio. Aliás, na ânsia de acercar-se de todos os dados e precaver-se contra os imprevistos, as incógnitas e as variáveis-fantasma que o levaram à primeira falência, nosso personagem escreveu um plano-de-negócio cujo número de páginas ombreia-o com As mil-e-uma noites. E é possível que seu conteúdo seja tão fictício quanto as lendas de Sherazade.

Adivinha: outro fracasso! Mas desta vez, nosso personagem não consegue esconder sua estupefação. Afinal, ele planejou tudo. ¿Sabe o tudo? Então: tudo! Acontece que, como diria o falecido Garrincha, nosso aspirante a empresário esqueceu-se de combinar seu plano com os "russos". No caso, os "russos" aqui são seus clientes. Duas coisas podem ter falhado, apesar dos planos. Pode ser que 1) sua hipótese de valor estava errada. Quer dizer, ele tinha um produto ou serviço que imaginava ser maravilhoso, mas não era percebido como algo que agregasse valor à vida dos clientes. Pode ser que o público para o qual seu negócio foi direcionado não era o verdadeiro mercado que o adotaria; pode ser que a real percepção de valor, pelos clientes, estava noutros atributos do produto ou serviço, que não foram devidamente enfatizados pela propaganda; pode ser que o produto ou serviço tivesse atributos (características e funcionalidades) demais ou de-menos, etc. E lista segue.

Ou pode ser que 2) sua hipótese de crescimento era equìvocada. Eis um erro primário e comum ente os empreendedores principiantes: pensar em todos os atributos do produto ou serviço que vai oferecer, mas não planejar como o negócio criado ao redor deles crescerá com escalabilidade e sustentabilidade, auferindo receitas crescentes. Noutras palavras: sabe-se o que vender, mas não como ganhar dinheiro com as vendas. É comum vermos modelos-de-negócio nos quais a inovação envolvida é fantástica, mas a forma de lucrar com ela é ruim, frágil, ingênua ou limitada. Eis um desperdício lamentável, pois a empresa falirá e levará consigo uma tecnologia promissora.  Ou acontece o contrário: a estratégia de crescimento financeiro e de extração de receitas é genial, muito-embora a tecnologia envolvida no negócio seja precária, expondo sua empresa a concorrentes mais criativos e agressivos, a imitadores oportunistas, ou a clientes mais exigentes e volúveis. 

Infelizmente, é da natureza dos negócios inovadores que as duas hipóteses listadas acima mantenham-se escondidas numa densa e caótica névoa de incógnitas, até que, quando finalmente forem descobertas, seja tarde demais para salvar o negócio. Afinal, uma startup pode ser definida como uma pequena empresa iniciante, geralmente envolvida em inovações tecnológicas, que atua num ambiente de extrema incerteza e dinamismo, mas que compensa estes altos riscos com uma perspectiva de crescimento rápido, virótico e escalar, superior ao das empresas constituídas e tradicionais. ¿Entendido? Então, ¿como ficamos agora? Um mínimo de planejamento, pelo visto, é necessário, pois lançar um produto ou serviço às cegas é o mesmo que brincar de roleta-russa com o mercado; e o mercado, amiguinho, não o poupará só porque você tem belos olhos, ou porque nasceu numa família pobre, ou porque tem coleguinhas poderosos, ou porque segue aquela religião. 

Eis a parte cruel disso-tudo: o mercado está cagando & andando para seu esforço, para seu sonho, para seu mérito; o mercado só quer saber o que você tem a oferecer em termos de valores para ele, quer dizer, para nós! ¿E quer saber duma coisa? O mercado está certíssimo! Se você quiser bancar o bebê chorão, ingresse numa dessas minorias de militantes barulhentos da extrema-esquerda, e vá exigir sua chupeta ao Estado-Babá. Boa sorte! Mas voltemos aonde paramos. Se empreender com a cara & a coragem é temerário, pelo visto, planejar até os últimos detalhes também é inútil. Bom... eu não diria inútil; eu diria que o planejamento é necessário, mas não é suficiente, pois há mais mistérios entre a prancheta e a gôndola do que supõe a nossa vã economia. Você nunca conseguirá antecipar, descrever e mensurar todas as incógnitas do seu mercado, uma vez que, repito: é da natureza do empreendedorismo a imprèvisìbilidade. Se você gosta de certezas, espere a morte ou os impostos. 

Conheço casos de amigos que passaram anos planejando minùciosamente seu empreendimento — detalharam-no, aperfeiçoaram-no até a tara. Quando finalmente estavam prontos para ingressar no mercado, os clientes já eram outros; alternativas mais eficientes e baratas já estavam disponíveis; a tecnologia estava defasada; novas regras, impostos ou normas técnicas tornaram aquilo impràticável e — tragédia das tragédias! — alguém havia patenteado a tecnologia. Quando não, esses empreendedores procrastinadores esqueceram-se de fazer perguntas óbvias: ¿que valor você pretende oferecer? ¿por que pretende oferecê-lo? ¿como pretende oferecê-lo? ¿para quem pretende oferecê-lo? ¿onde e quando espera oferecê-lo? Noutras palavras, seu imenso castelo de detalhes pode estar sendo erguido sobre prèmissas movediças, enganosas ou ignoradas. Enfim: entre o não-planejamento e o planejamento obsessivo e detalhado deve haver algum meio-termo, onde jaz o verdadeiro sucesso. 

Pois virtude encontra-se na justa-medida. E o meio-termo entre um plano-de-negócio detalhado, mas que adiará sua estréia e o iludirá sobre o controle das variáveis, e um ingresso desastrado no mercado sem plano algum, é o que chamamos de mínimo produto ou serviço viáveis (MP/SV). Imagine, caro leitor, decompor seu produto ou serviço em seus pedacinhos mais elementares; depois, imagine ir testando, passo a passo, com clientes reais, em ciclos curtos de planejamento-protòtipagem-lançamento-mensuração, cada um desses pedacinhos elementares, como se fossem hipóteses de pesquisa, sondando qual deles mais agrega valor à vida dos clientes, para, com isto, entregar ao mercado um produto ou serviço enxuto, validado por um público real, finamente sintonizado às suas necessidades, sem nenhuma funcionalidade ou característica desnecessária. Essa é a estratégia da startup enxuta, que explicarei em detalhes nos próximos capítulos. 

Mas também ensinarei os extremos: o caminho clássico dum plano-de-negócio detalhado e algumas dicas suicidas para um salto acrobático na escuridão. Mas façamos um retrospecto. Nos primeiros capítulos deste blog, discuti as questões mais "psicológicas" e "sociológicas" do empreendedorismo. Tracei um perfil dos empreendedores (os de necessidade e os de oportunidade). Enumerei as quatorze características que os diferenciam dos empresários tradicionais. Discuti a questão dos gurus, dos livros de autoajuda e do aprendizado empreendedor. Também ensinei a como encontrar seu pròpósito na vida e, partindo desse pròpósito, buscar um conceito de negócio que lhe traga dinheiro e satisfação. Claro: agora falta combinar com os "russos"; falta desenvolver uma estratégia e abordagem que levem-em-conta as demandas do mercado. Mas então vem a dúvida: ¿mas como e por onde começar? Há diversos caminhos possíveis. É o que veremos nos próximos capítulos.

Até-mais-ver!

¿QUEM É JOHN GALT?
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