quarta-feira, 18 de novembro de 2015

DICA DE LEITURA 5


Olá, crias! ¿Sentiram saudades da minha pessoa? ¿É? Pois eu não! O livro que eu vou resenhar nesta semana é, talvez, o mais vendido e usado pelos professores de empreendedorismo por aí. Trata-se do livro O segredo de Luísa, de Fernando Dolabela. Nele, o autor narra a história fictícia de Luísa, uma estudante de odontologia mineira que resolve criar sua própria empresa: uma indústria de goiabadas. 

O autor foi muito ousado e criativo ao apresentar o passo-a-passo de criação duma nova empresa por meio dum romance, no qual os problemas gerenciais e as opções técnicas do negócio são entremeados didàticamente com as angústias, dúvidas e dificuldades da  personagem. Com isto, o que tinha tudo para ser um tema chato, tornou-se um assunto palatável para um público leigo em geral.

Porém, em suas ambições literárias, Fernando Dolabela não foi tão feliz. A estrutura do livro ficou um pouco confusa. É preciso ficar voltando páginas e relendo trechos, pois o romance tem que ser interrompido várias vezes para a leitura de caixas-de-texto cinzas. Aliás, ¿querem saber duma coisa? Eu recomendo apenas a leitura das caixas-de-texto cinzas, que explicam o que realmente interessa.

Digo isto porque a trama da história de Luísa é bobinha, superficial, banal e tola. Trata-se dum enredo de novela das seis piorado vinte vezes. Os personagens são títeres vazios, estereotipados e totalmente desprovidos de personalidade. São caixas onde o autor enxertou suas palavras. Por isto é que os diálogos são tão ruins: é impossível diferenciar o estilo do narrador do estilo dos personagens.

Fernando Dolabela é o introdutor e o desbravador da pedagogia empreendedora no país. Mas, definitivamente, ele não é escritor e muito-menos romancista. Suas análises (caixas-de-texto cinzas) são perspicazes, completas, competentes e utilíssimas. Devem ser lidas com toda a atenção. Mas eu acho que o autor cagou no livro com essa històrinha chinfrim da tal Luísa. No mais, o livro é bom!

Luísa é uma versão tupiniquim e pioradíssima da personagem Dagny Taggart, do romance A revolta de Atlas, da Ayn Rand. O livro termina com um exemplo completo de plano-de-negócio. Leiam-no com atenção! Todo o quarto capítulo, aliás, é excelente e merece ser lido todo. Por fim, eu não poderia deixar de estragar o final do livro: o tal "segredo de Luísa" está entre as páginas 206 e 208.  É piegas.

DOLABELA, Fernando. "O segredo de Luísa". Rio de Janeiro: Sextante, 2014. 304 páginas. R$ 39,90.

DEPOIMENTOS:

"O maior segredo de Luísa é passar quatro capítulos preenchendo burocracia e terminar o livro sem matar nenhum personagem."

Zèzinho Cadela, tràficante, miliciano e deputado.


"Uma história brasileira sobre empreendedorismo em que a heroína não quebra no final... Hum... Só podia mesmo ser ficção!"

Gianni Cazzo, màfioso e/ou crítico literário.

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